quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Exorcista de mim

Deveria eu, entao, conhecer a afliçao que se ergue
Despejar doses e mais doses de miraculosas sínteses
Sobrepor-me ao ser humano se sou homem
Ignorar o derradeiro cotidiano se sou vida
Despojar-me da mediocridade se sou carne

Surpreende-me o seu passo à calafrios
Com aquilo que outrora nao sabia ser mais que nódoa
Vem a mim pra ser espelho do que me escapa
Trata a ferro e fogo a oportunidade descabida

O ansiosa humanidade
Sossega suas súplicas
Afoga em copos dágua as projecoes inconclusas
Mensura seus modos a fim de que nao se prenda
Vigia sua cria pra que ela nao devore seus nervos

Pobre fantoche dos seus dedos
A lutar com armas traiçoeiras
Decepa seus membros a cada golpe certeiro
A morrer de subestimar o descaminho

Poema de encarte

Palavra que nunca diz nada
Nunca quis se dizer nada
Desprovida de pretensao alguma
Incapaz de subverter qualquer tendência

Assim, enquanto se repete
Palavra vazia, que seca a boca e corta os lábios
Palavra que de tao sólida se desmancha
Iludida pelos movimentos que jamais causou

Triste palavra que cabe em quatro versos
Subordinada às intencoes precedentes
Doce palavra que ama o amador
Rude carrasco de sentidos parciais

Migalha de pao que satisfaz por hora
Comida de pombos a quem o banquete sacia
Água mole que em pedra quente evapora
Moribundo teimoso que clama por vida

sábado, 18 de outubro de 2008

De que tamanho é?

E voce cheio de argumentos aprisionados em sua liberdade
Lançando aos quatro ventos falsos milagres pressupostos
Pra hoje ser so a sucessao de marasmos de outrora

Nao se realizou porque voce jurava que nao podia?
Tinha certeza de ate onde podia ir?
Voce e suas certezas...

Certamente espera a prova cabal da necessidade de ser
Pra ir muito alem do ensaio, ter gosto de vida na boca
Me diga, pois, qual a sua preferencia! O pessimismo hiperbolico? Ou um cínico eufemismo?

Sua existencia é minuto a minuto revogavel (um qualquer te mostra a saida)
Ha muito do que nao pode renunciar se aceitar o fardo de nao ser so lembranca
De que tamanho é a sua renúncia? Daquele que no seu lugar habita sombra
Olhe alem da mesmice pra ver que ali esperam qualquer contorno

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Poema anti prioritário

Deixemos que a hora passe
Façamos distraídos o nosso sossego
Tentando evitar o depois, o invocamos
Permitimo-nos esquecer que todo tempo passa

"Me vê uma dose do melhor passa tempo"
Daqueles que não façam pensar no que há de ser
Que me levem direto à porta da minha escravização
E lá, onde estiver, que eu deseje a próxima rotina
De modo que meu corpo, e só meu corpo, responda

Então, a vida é o conjunto de anti prioridades?
Me contentarei em ler um bom resumo
Um que me enumere quantas portas,sucessivamente, se abriram
E descreva o exato momento epifânico
No qual a frenética busca, finalmente, faz sentido

domingo, 29 de junho de 2008

Derradeiro suspiro poético

Jaz aqui a derradeira experiência versificada
Um suspiro de esperança na aventura humana
Antes que se cale o grito incorrigível

Há de se fazer notar a crença executora do hoje
Propulsora do pensamento poético alforriado
Categoria de contornos singulares materializados
por cada vislumbre de encontrar-me no seu espírito

O vento que sopra é de magnitude sustentável
Se necessário for, converte-se em brisa,
que de forma doce possa tocar seu rosto
Se em ferrugem as demandas se erguem,
que dizime todas as edificações inertes

O fim do ideal romântico submisso ao concreto
Musa forjada nos fragmentos dos dias
Indiferente a mórbida opacidade da perfeição
Manifestação autônoma das cores
as quais me saciam todo o entendimento

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Interditado

Perpetua o isolamento, pobre alma
Entendimento vão derramado aos porcos
Dispersado em cada negligência insurgente
Rodeado de eufemismos pertinentes, elogios hiperbólicos
Incapacitantes de qualquer privilégio cotidiano

Invalidez reiterada pelos interditos retro alimentados
Intensamente consumido pelo desastre ao qual se submete
Concentrado de humanidades, visível por meio da face mais ingênua
Exausto de ser poupado das tragédias diárias
Cercado de cuidados a jamais provar das efemeridades profanas

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Humanos ou caçadores de desalento

Há de haver um dia para se arriscar o jeito simples de ser?
A alegrar a existência mútua dos olhos
que se entre cruzam tentando dizer palavras que a fala ainda guarda

Regozijar-se ao perceber o caminho cuidadosamente adornado
Apesar da teimosia de sermos repetidamente caçadores do desalento
O lirismo do gesto, o ranso agora caido...

...alguma força marcada por forte desejo, invariavelmente pulsa
A desencadear a fissão nuclear dos átomos atingidos
dispensam a imensurável energia dos fatos imaginados
Sedentos da luz dos dias que há muito se acobertam

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A parte maior

Um diálogo retrospectivo para que voce saiba
daquilo transitado entre o voluntarismo inconsciente
e toda parcela involuntária do que se antecipou ao pensamento

Deixo aqui parte de mim
Confissao da qual voce declarou interesse ainda a pouco
Provavelmente nao querendo ouvir tais devaneios
Mas algum traço objetivo de personalidade

As correntes que a mim se impõem voce as quebra
Por que, entao, exige saber a mesma coisa?
O prisioneiro so responde as hostilidades do cárcere
Cria mecanismos pelos quais se preserva

Quando cessa de ser açoitada
a alma desleixada cede as pressoes despretensiosas
Faz uso da sua melhor veste e se apresenta ao baile
para sempre, uma última dança

domingo, 8 de junho de 2008

Retrato

Me instiga o que nao sei
que passo a te olhar em busca do indizível fugitivo

E a contemplar, adoro as maçãs do seu rosto
Olhos egoístas e boca em apoteótica competicao
A me surpreender pela doce palavra
se fundem em objeto catártico

Tremem os membros de expressao pedinte
A já nao suportarem conjugado espaco pacífico
Dado o clamor almático por libertacao rebelde

Rumo à síntese que dois, e só dois
Num embate sublime podem resultar

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Amordaçado

morri
morri de morte que fala baixinho
morri de abstencao, negligencia
morri de ver e ouvir a vida

morri de falsos cognatos
morri de esperar a hora
morri de empunhar estandarte
morri de surpresas caducas

morri de sonhar um sonho sozinho
morri de tentar aquele sorriso doce
morri de pedir que comigo fosse
morri de viver a verdade

terça-feira, 13 de maio de 2008

Metalinguagem desmetrificada [repelente]

Necessidade implacável atormenta aos berros
que saibam eles de quem se fala
(Não parece provocar o menor dano à superfície da verdade)

Semblante e essência passivos ao menor contato
Tábua rasa de limites tão claros quanto o amor e odio
(Isso! Aqui não se acha!
Espanta todos os olhares de pureza hormonal!)

Não fala, não ri, muito menos se faz notar
Uniforme. Rostos? Só aquele. Natural
([Modo ironia ligado]
Tsc tsc tsc. Quanto cinismo!
Pra desencorajar aqueles tais e quais)

Não é de se gostar.
O que há de se descobrir é o nome
É! Corroe-se de fadiga antes dos predicados

...de qual vida? Não, não...
(Pra ser da vida de alguém tem que ser antitese
Combinar as paixões e os delírios
Ser o poço que se cai quando se esperava apenas caminhar
Fazer poesia quando ontém eram apenas pão e água)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sê alforria!

Criatura que me foge aos dedos
Prisão dos desejos irretornáveis ao corpo pedinte
Astro materializado em luz e cores
Desassossega a jamais perturbada existência

Come com as mãos os meus dizeres
Faz seu de tudo meu
Expropria-me a fala
Livra-me de todo fardo do auto suportar diário

Água que corre fresca
Molha a minha face e clareia minhas vistas sujas de paisagens repetidas
Limpa minha boca de gostos desgostosos
Permita-me ouvir fortemente o teu fluir por entre as pedras
Devasta de uma vez as edificações irresponsáveis

E quando acabar que traga brisa leve
Que soe musica
Envolva todas as faces
O fôlego se renove a cada ligeiro sussurro
Sopre...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Semideia do andar de cima

É o sim e o não
Devoradora de sentidos
Reunião de desejos
Ânsia que não cabe no peito
Virando palavras, lamentos...
Súplicas pelo calor da neve flamejante de sua pele

Devoradora de esperanças
Sigo assim venerando-te
Movido pela imprudente ousadia de um amante
Arrebatado por chama intensa

Busco das idéias, nossos feitos
Das retissências, indescritiveis momentos
A serem entalhados em carvalho centenário

Like a river

Tempo passa tempo voa
Busco, acho, sigo
Aqui, ali, indo e vindo
Chegando, partindo, chorando, sorrindo

Sei, não sei nada de nada
Sede de que?
Calma, pensa, senta, inventa
Sente, sonha, deita, rola

Vazio de tudo
Cheio de nada
Pára para alguém chegar
Espera

Fingidor

Cai o mundo em chamas
Despedaça no vento e vai...
Vira poeira que espalha partículas que se perdem

Ligeira impressão
Momentâneo sucesso
Precipício que caio sem fim
Atrito cortante da alma
Esfacela a carne sedenta

Cortina que se fecha
Sai de cena o palhaço triste
Embassa o brilho dos olhos
Enche de negro o verde
Apaga a luz do caminho

Rouba a calma, emudece a fala
Degenera o organismo que se auto-consome
Numa lise faltamente necessária

Ao pó das camas e cortinas

Brilha os olhos
Brota a selva da terra
Escala a mais alta árvore
Salta ao infinito

Penetra a nuvem virginal
Escorrega no arco-íris
e mergulha no pote de ouro
até as profundezas longinquas

Faz do magma seu banho
Revigora sua força
e voa em direção a mais bela flor
Dispersante de polen fecundo
Levado pela abelha encantada
Pra onde em um minuto se alcança

Lugar de ilimitados sons e luzes
De sensações, turbilhão
Paraíso de ninfas lunáticas
Perturbadora excitação

Eclipse apoteótico
Se desfaz em noite fria
Momento seguro
Trágica rotina

Quase

Cinza é a cor da moda
Nem branco
Nem preto
Um quase

Ginástica Laboral

Recortado, o carro passa
Morro abaixo, recortado
Sem saber o homem segue
Serrilhado, assim parece

Vermelho e cinza a venda fica
A mãe nega, o filho chora
Esperneia, pula e grita...

(Do final, não se sabe)
...passa um ônibus recortado

A rampinha, gente sobe
Trazem dores, seus lamentos
Tentam hora ser sabidos
Por inteiro senta e chora

Quando o tempo demora

TIC TIC TIC...TIC
HUNF!
BLA BLA BLA!
HUNF!
ZZZZZZZZZZZZZZZZZ
AH!
UHULLL!!!!

Te possuo mas não gozo

Qual é o CEP?
RG? CPF?

Seu número pra eu localizar
Seu número pra eu te invadir

Conta a conta, Senhor!
Não é pedido, nem favor

Um zero a mais que aparece
Vida raza, autômato errante
Vai se achar na mão de outro!

Não é aqui! É na rua de cima!

Bálsamo

Dormir, só ao teu lado
Respirar, só o teu cheiro
Descansar, só em teu afago
Acordar, só em teus beijos

Induzir meu sonho ao teu
A edificar meu amor em solo firme
Embalsamá-lo para que nunca termine
Em puro mel para que viril prossiga

Amar, amor, quero
Desejar-te já não controlo
Alegrar-te assim espero
Com meu canto, amor
Com meu canto...

Onde mais te encotro

Sopra, o vento, a pena
Com ou sem direção
Simples força que muda o curso
Brisa leve, furacão

Invade os campos, corta os vales
Arrasta pra onde for
Leva sonhos, desejos...

Universo que habito
De ti sou átomo, elétron
Lugar de suave permanência
Terra prometida

Dias de poesia

Poesia de um dia
Diamante, diafrágma
Suspiro aliviado
Alegre, encantado

Justifica atos ou os acoberta
Sopra os ventos, viaja ao infinito
Poesia de todo dia, todo

Anjos malígnos
Sedução e ternura
Nos levam do frio ao fogo
Afugentam os medos
sedentos de malícia

Um dia como todos
Um dia como nenhum
Um sonho maravilhoso
Um pesadelo incomum

terça-feira, 6 de maio de 2008

Just the right size

What am i waiting for?
There are words that insists to be told
Every morning shines as single chance which never returns

What´s my interdict?
I´m a hero by myself
The place where the great acts are played

Talk to me slowly
Make me feel a half hope
Break my sex of angel´s explanation
Show me over the mountains is so cold to stay
Just the meaning over that i know

How long can i will be enough to me?
Maybe tomorrow something happens
and it makes me finally just a hero
Like a bridge wich links two sides only

U.T.I

Breath deepest before is too late
Before the backbone starts to compress the lung
Feel the pills working on your cells
They told you what you need

A body! This is just you can be now
On Frinday morning there will be anoter operation
Cutting just to know how it works
Do not worry man!
So sweet remains will be carved on your skin

First impressions

Go my creation! Let drink the life!
Go to be target, to be hunter
Leave my hands like a rebel son
Entertain the people and give them what they want

Be nothing! I want to see if you would to
At first wind you will be covered of meanings
They will compare you with other ugly sons

Now I would like to finish your existencial pain
Stop disturbing me!
Run away where i could not catch you
This is your last chance

Sabor de fruta seca

Zumbem os insetos que restaram
Nem o mais sutil dos suspiros
[deixou de ruir pelos vermes malditos
Bolores antropomorfos retroalimentados
[sufocaram as vias ainda imaturas

Barro forjado no fogo instável
Vaso torto que se pinta de singularidade
Rola como dá; incíclico
Seca no Sol enquanto intimida o escorpião vencido

A chuva redonda não vai cair tão logo
Mas a água sempre esteve ali
Nem que as longas raízes precisem buscá-la
E as extremidades reinvidiquem, fervorosas
[parte da umidade

domingo, 13 de abril de 2008

O que era e o que é

Concebida pelas mesmas aguas que afligem os desmedidos
Personificaçao da natural força aleatoria dos dias
Surge serena aos estupidos viajantes da orla

Sinestesia premeditada; embriagante pudor desmedido
Estrela nova, lança agora os primeiros raios
de sentido oculto cuja Terra ha tempos espera

Pequena

Pele e osso
Mesmo assim me foge ao entendimento!

Maritacas que dizem bem-te-vi

Os passarinhos tiraram ferias da minha janela
Deixaram recado: Não voltam mais!