sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Faz dias que tudo é controle

Tudo é estável, bom e certo

As horas debocham de mim

Multiplicam-se como bactérias 

e tomam como alimento as asas dos que ousam ganhar da banca

Planejei, conclui e nenhuma luz acendeu, nenhuma harpa soou 

Aqui, a tranquilidade, em canto de boca, me sentencia ao infinito retorno à familiaridade de tons pastéis

Mas só até a próxima lua cheia, no baile de máscaras, onde serei criador e criatura do encontro

Então, ao amor dedicarei minhas vísceras, sangue e vontade

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Diagnóstico

Respirei fundo para me certificar que ainda havia pulso

Dentro de uma roupa apertada, uma dor pesada abraça cada fibra do meu corpo

 Enrijecendo, atando meus membros a um colchão movediço 

O pedido de socorro é rouco, inespecífico, um manso desesperado

Isso é inflamação na alma com uma camada profunda de pus, disseram

O patógeno chegou à casa das máquinas e não aceita nada menos que rendição 









sábado, 8 de fevereiro de 2020

Derramei as pérolas em eufemismos e hipérboles
Permaneci afogado pelos sons que saiam da minha boca e trancavam meus ouvidos
Falei de mim como se não falasse, quis como se não quisesse e me isolei como se não o fizesse
Enquanto não nasci, segurei as mãos do caos e desejei controle
Sobrou a milésima parte de tudo o que eu levava nas costas
O resto é frescor e deslumbramento

sábado, 27 de julho de 2019

Reflexões do mofo

Fui o último a saber que ri dos que tentaram me ensinar
Neguei pão, água e empatia oferecendo o meu mais sagaz juízo
Consumei desejos e fugas, habitando corpos sem passado nem futuro
Dos seus donos, desejei posses
Quis muito mais do que meus braços poderiam agarrar
Fui inundado por fogo e fúria ao emergirem minhas fragilidades
Desisti diante dos primeiros reveses
Então, descubro-me humano, animal, possível...

domingo, 26 de novembro de 2017

Como tocar um aleijado

Sobre sua fisiologia, eles são dotados de 3 fibras: nervosas, musculares e paixão por seja lá o que valha
Lipídios, proteínas, açúcares e água fluem pelo seu corpo e se combinam ao sabor de sua homeostase, que sofre sobressaltos a cada paranóia que sussurre aos seus ouvidos
Nessa hora, uns suam, outros sentem aquele frio na espinha, e tem até quem hiperventile à beira de um infarto imaginário
Como animais que são, tiram seu sustento de sólidos e líquidos nascidos e criados nesta Terra
Quando estão cansados, bocejam, dormem, acordam, e repetem tudo, pelo menos uma vez ao dia
Passam pelas depressões, milagres econômicos, invernos e verões, e tem mil impressões sobre isso (muitas, com a profundidade de um caballito)
Na sua superfície, são cobertos de receptores sensitivos respondendo a toda sorte de gatilhos.
Ruffini, Vater-Paccini, Merkel, Meissner, Krause... Que tal?
Dizem que a gente se conecta ao trocar vulnerabilidades
Já que nesta vida não passamos ilesos, resta saber se você vai pecar por excesso ou omissão

terça-feira, 9 de junho de 2015

Status: esperando pelo the big one
Parece que o prato mais apreciado pela ansiedade é a calma
Ela se veste da melhor roupa porque sabe que a outra nunca tarda em sofrer de inanição
E nesse momento, como os felinos, ela ataca como brinca
Mata por necessidade e satisfação
O esconderijo me parece protocolar; parte desse losing game
Tanto que já cogito cartazes, cornetas e bumbos anunciando refeição barata, sem luta, sem apego

domingo, 30 de novembro de 2014

Desafio o tirano que tem a chave da casa das máquinas
A ser maior do que o meu ímpeto de me converter em força criativa
Convoco todas as legiões a brandir espadas pela causa primeira


Que arda em chamas o meu espírito desnudo!
Carbonize a podridão que mascara a simplicidade
Faça jorrar das pedras o rio que só responde a si
Entalha o mundo em respeito aos seus nervos


Há de se contemplar com olhos de menino o imponderável
Convidar para a dança a menina que costurou o seu vestido
Encher os pulmões como quem descobre que respira
Tatear a humanidade na eternidade de primeiras vezes

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A bifurcação do sim e do não

Aqueles verdes olhos cerrados despejavam verdades
imundas em bocas sensatas
Escarravam desejos em poças espasmódicas
Escorriam por ladeiras de endorfina, procurando a marca
que eterniza, na boca, o inevitável

É quando o ouvido escuta o corpo metabolizando
a dormência dos olhos em prol da pele, do gosto...
Daquele cheiro com data e hora!

Medimos em palmos nossa vontade refletida
Descobrimos o marco zero da união dos nossos corpos
...
Mas, por dedução!
Pois, redundamos no momento precendente à nossa
coragem
Num suspiro derradeiro, bradou: "Fracassei, ou fracassaram comigo?!"

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Âncora 01