Nos intervalos dos meus fracassos, colecionava horas
Segurava pela mão a minha inquieta companhia
Usava entoar mantras que evocassem meus vestígios
Fantasmas de fogo lambiam tais pertences
a tornar irreconhecíveis as formas derretidas
àquele que deliberadamente esculpiu seus heróis em cores de fumaça
Tive a petulância de clamar ao presente, pão e água
quando nem sequer me permiti ver com os ouvidos a correnteza nas pedras
Profetizei ao andarilho que se curioso fosse, acharia
Praticou o que mais sabia: se absteve de sua fisionomia cor de fundo
Encontrou a antítese das horas pingadas
lançando suas vértebras ao choque das ondas
Reservou o melhor lugar para se ser e estar
Assistiu a morte e pariu a vida, pelo menos uma vez