segunda-feira, 21 de setembro de 2009

As chaves que fecham e as chaves que abrem

Quase na calmaria surge
Prenunciando o final de um ciclo
A libertar as intempéries,
célebre coadjuvante do encantamento

Acende a sua curiosa luz
A indicar ansiosos destinos
nascidos no olho do redemoinho
ou enfeitiçados pela inércia

Interventor da obra que assiste
Tem a cada final uma tela em preto
Para, inclusive, deixá-la como está

Sobre tijolos, cimento e o tempo

Partiu o menino à experimentar a vida
que já em sua boca sugeria adocicado deleite
Tateou muitas partículas de promessas desnudas
que não lhe escapavam ao julgamento

Imergiu na anorexia lodosa das saudades alheias
Provou do intenso gosto de sua criatura
Sedento por si bebeu de faces esmaecidas
Perdeu-se do hoje pelas mãos do intangível amanhã

(Re)Nasceu da insustentável discórdia entre os deuses
Implodiu o espírito a moldar mosáicos de criança
Deu de comer aos vermes caóticos da criação
ao putrefar as obsessivas investidas ao abismo