domingo, 29 de junho de 2008

Derradeiro suspiro poético

Jaz aqui a derradeira experiência versificada
Um suspiro de esperança na aventura humana
Antes que se cale o grito incorrigível

Há de se fazer notar a crença executora do hoje
Propulsora do pensamento poético alforriado
Categoria de contornos singulares materializados
por cada vislumbre de encontrar-me no seu espírito

O vento que sopra é de magnitude sustentável
Se necessário for, converte-se em brisa,
que de forma doce possa tocar seu rosto
Se em ferrugem as demandas se erguem,
que dizime todas as edificações inertes

O fim do ideal romântico submisso ao concreto
Musa forjada nos fragmentos dos dias
Indiferente a mórbida opacidade da perfeição
Manifestação autônoma das cores
as quais me saciam todo o entendimento

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Interditado

Perpetua o isolamento, pobre alma
Entendimento vão derramado aos porcos
Dispersado em cada negligência insurgente
Rodeado de eufemismos pertinentes, elogios hiperbólicos
Incapacitantes de qualquer privilégio cotidiano

Invalidez reiterada pelos interditos retro alimentados
Intensamente consumido pelo desastre ao qual se submete
Concentrado de humanidades, visível por meio da face mais ingênua
Exausto de ser poupado das tragédias diárias
Cercado de cuidados a jamais provar das efemeridades profanas

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Humanos ou caçadores de desalento

Há de haver um dia para se arriscar o jeito simples de ser?
A alegrar a existência mútua dos olhos
que se entre cruzam tentando dizer palavras que a fala ainda guarda

Regozijar-se ao perceber o caminho cuidadosamente adornado
Apesar da teimosia de sermos repetidamente caçadores do desalento
O lirismo do gesto, o ranso agora caido...

...alguma força marcada por forte desejo, invariavelmente pulsa
A desencadear a fissão nuclear dos átomos atingidos
dispensam a imensurável energia dos fatos imaginados
Sedentos da luz dos dias que há muito se acobertam

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A parte maior

Um diálogo retrospectivo para que voce saiba
daquilo transitado entre o voluntarismo inconsciente
e toda parcela involuntária do que se antecipou ao pensamento

Deixo aqui parte de mim
Confissao da qual voce declarou interesse ainda a pouco
Provavelmente nao querendo ouvir tais devaneios
Mas algum traço objetivo de personalidade

As correntes que a mim se impõem voce as quebra
Por que, entao, exige saber a mesma coisa?
O prisioneiro so responde as hostilidades do cárcere
Cria mecanismos pelos quais se preserva

Quando cessa de ser açoitada
a alma desleixada cede as pressoes despretensiosas
Faz uso da sua melhor veste e se apresenta ao baile
para sempre, uma última dança

domingo, 8 de junho de 2008

Retrato

Me instiga o que nao sei
que passo a te olhar em busca do indizível fugitivo

E a contemplar, adoro as maçãs do seu rosto
Olhos egoístas e boca em apoteótica competicao
A me surpreender pela doce palavra
se fundem em objeto catártico

Tremem os membros de expressao pedinte
A já nao suportarem conjugado espaco pacífico
Dado o clamor almático por libertacao rebelde

Rumo à síntese que dois, e só dois
Num embate sublime podem resultar